No futebol a relação de subordinação entre o jogador e o técnico deve ser da forma mais harmônica possível.
Existem bons exemplos nas últimas décadas de equipes que foram vencedoras
e que seus sucessos estavam lastreados por esta boa relação, como o São Paulo
de Telê Santana e de Murici Ramalho, o Cruzeiro de Luxemburgo, e o Palmeiras de
Felipão (a primeira passagem nos anos 90, não esta segunda de 2012).
Agora vamos trazer esta situação para nossa realidade. Jogo do Verdão contra
o Itagüi, cerca de 10 minutos do segundo tempo. Falta em dois lances na entrada
da área, local que sabemos que para nosso camisa 10 Alex é mais do que pênalti.
Mas para a surpresa de todos, Alex rola para Chico (aquele que entregou o gol
do adversário) bater em cima da barreira. Neste momento toda a torcida, e me
incluo também, se perguntou:
- Por que o Alex não bateu?
Além da indignação geral, quem também se sentiu desconfortável com o
lance foi o até então técnico Marquinhos Santos. Ele, assim como o restante da
torcida, estava desconcertado pela opção do time em fazer com que o zagueiro que
acabara de falhar no gol adversário batesse uma falta tão importante. Foi como
no jogo de vôlei quando o ponteiro ou o central ataca uma vez e fica no
bloqueio, e o levantador na jogada seguinte manda a bola de novo para o mesmo
jogador para “dar moral”. É óbvio que isto na sua grande maioria das vezes isto
não dá certo, como não deu no lance da partida de terça.
E o que isto mostrou no final das contas? Que o técnico Marquinhos Santos, apesar de ser
um cara legal, que todo mundo gostava e até defendiam em seus discursos, tinha
perdido a mão do grupo, a ponto de que nem as coisas mais óbvias serem
executadas dentro de uma lógica.
Pensando agora no futuro técnico que ainda não foi contratado, o
momento é de trazer um profissional que não tenha somente conhecimento técnico
ou tático do jogo, mas que seja alguém que faça com que o grupo absorva
rapidamente sua ideologia de trabalho e a coloque em prática. O problema é que mercado
atual está cheio de profissionais que somente estão ali pelo que fizeram no passado,
mas pararam no tempo em relação ao jogo, e já não conseguem sequer controlar um
grupo de jogadores para que façam o que idealizam.
Outro dificuldade para a contratação de um técnico atualmente é causado pelo grandes devedores do futebol brasileiro, os times
do RJ. Há tempos os clubes cariocas oferecem salários muito acima do aceitável
para técnicos de futebol, o que aliás é compreensível, pois se torna a única alternativa
que convençam estes profissionais a trabalharem lá. No
entanto, esta atitude acaba inflacionando o mercado, dificultando a contratação de técnicos por clubes que trabalham de forma mais conservadora.
Acredito que o Verdão dentro de sua filosofia atual tenha dificuldades em
encontrar um profissional que agrade a torcida e o caixa do clube. Provavelmente
uma das partes será penalizada em detrimento da outra. Mas são os tempos
modernos, que enquanto forem regidos pelas regras que aí estão, obrigarão os clubes que trabalham de forma séria a gastarem mais para terem
profissionais qualificados (ou nem tão qualificados assim).
Aguardamos os próximos capítulos desta novela, ansiosos pela escolha de um técnico
que devolva ao Verdão a marca de vencedor que se perdeu nestas últimas rodadas,
mas que pode ainda ser resgatada. Trabalho sério e comprometimento do grupo
serão vitais para esta retomada, algo que o clube e acima de tudo a torcida
esperam.
SAV
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